quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NOSSOS HEROIS MORRERAM DE OVERDOSE




É muito evidente que os tempos atuais tragam imensos conflitos, e que não se compreenda nesse contexto, as guerras insanas sustentadas pelo terror irrigado pela tradição da gana e fomentado pela ignorância, mas o mais difícil, o que é invisível, o conflito interior.

Os grandes guias, os grandes feitos latejantes nos tempos dos sacrifícios cravados na história foram sendo superados, a ciência prosperou, a tecnologia ganhou asas e o ser humano depois de submeter-se às mais diversas modalidades de glória, desde os Deuses Gregos até os astros do Rock’n Roll, se encontra munido de muito mais informação, não tem mais que recorrer a compêndios enormes ou a modelos de comportamento absolutos, objetividade é a regra e definição o desafio.

Tudo pronto, servido rapidamente, era da fast food e do anabolizante, problemas que antes demoravam anos para encontrar resposta, agora estão a um clicar de dedos e ao mesmo tempo, tudo ficou banal, não é possível voltar atrás e os grandes guias perderam a utilidade, de fato, não necessitamos de nenhum super poder para alcançar o que por séculos e séculos foi desconhecido e ou ignorado.

Tememos hoje nossa própria capacidade de alcance, simplesmente porque não sabemos o que fazer com ela, pois ao mesmo tempo em que nos favorece nos anula e nos torna impotentes, principalmente diante dos resquícios culturais estruturados pelo medo e pela legitimação dos atos de pura preservação da espécie como pilar fundamental do desenvolvimento.

Todos os elementos para grandes mudanças estão presentes, mas o despreparo e o impacto paralisante de vencer limites naturais é apavorante, mormente porque não nos sentimos mais sustentados por crenças ou modelos absolutos da verdade ou mesmo pelos seus antes imprescindíveis confrontantes revolucionários.

Daí o apego fanático ao passado, a guerra santa coletiva de facções em busca de restabelecer um pilar qualquer de onde se possa começar algo de novo e que lamentavelmente não escapa ao repetitivo, quando precisamos ainda do assombro e da surpresa nesse mundo onde tudo se tornou fácil e paradoxalmente menos possível.

Abandonar o passado, assumir a glória de saber muito a nosso próprio respeito, bem como sobre o que nos cerca, usufruindo adequadamente dessa condição, assumindo os o ideais de paz e bem-estar coletivo, saúde, liberdade, respeito e dignidade individual, é hoje o santuário ao qual estamos convocados a nos render ou a pagar o preço de uma lamentável auto-destruição.

Os ideais são claros e existem, só precisam sair do papel ou da tela. Nós somos hoje os “seres supremos” a quem devemos prestar contas e não há droga para tamanha ferida!!!

Jussara Paschoini