terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FLANELINHAS ON LINE




Vivendo em cidade grande com obrigatório uso de veículo automotor, seja privado ou coletivo, é sabida e conhecida a luta por espaços taxados ou não por faixa azul numa parada para estacionar.

Gasolina é cara, IPVA também, transporte coletivo é dispendioso e ruim além de não servir às necessidades horárias e como se não bastasse isso, vaga para parar o carro é outro e mais um problema solúvel com dinheiro ou sob ameaça de pretensão relacionada.

Basta um jogo esportivo, um show, um dia de votação, um fim de semana interessante no parque e ou se disputa vaga caríssima em parcos estacionamentos ou se submete à velada chantagem de saltitantes e solícitos flanelinhas, proveitosos da dificuldade momentânea, num assalto com a pintura do carro ou a integridade física dos ocupantes como refém, tudo no repentino território delineado pelo paninho quente na vidinha agitada de quem quer ou precisa parar o veículo.

Quem aprecia flanelinha, leve a figura para a casa e tome conta em sinal de gratidão, e quem abomina, que o faça ciente da provável falta de opção capaz de conduzir a tamanha cara de pau como forma de sustento.

É, no entanto, no mundo eletrônico, internauta, onde vigoram as mais variadas flanelinhas, tidas como legítimas, contempladas como inteligência artificial manifesta de milionários afortunados pela apropriação das necessidades de tráfego na rede, revendendo descarada e repetitivamente um acesso pelo qual todos já pagam, mas, que não é garantido, não sem um “ponto” seis, sete, oito... e por aí vai.

Você pode navegar pela internet, desde que pague um serviço de acesso aos navegadores, mas deve se utilizar de determinado editor de texto, de algum serviço antivírus porque a rede não é garantida por si só. Também fará uso de um serviço de e-mail que a qualquer momento pode sair do ar ou criar tantas dificuldades de acesso impossíveis mesmo de “IG”norar.  Inoperância a tornar o abandono inevitável, por razões que somente o site provedor conhece, mas que se presume seja uma modesta mensalidade de cada um dos milhares de dependentes atraídos pela pseudo gratuidade inicial e inabalável competência operacional.

Sua internet e seus e-mails protegidos, seu único editor de textos atualizado, tudo Soft & Power por $ 1,99 ou um pouco mais para chegar às “nuvens do céu” num acesso ilimitado. 
  
Certas oficialidades promovidas pelo Estado escolhem navegadores sem os quais a certificação digital não é suficiente para ativar finalidades, isto sem qualquer outra alternativa documental. E junto com eles vem uma enxurrada de programinhas saltimbancos e sorrateiros com seus propósitos flanelinha a varrer seus programas padrão e suas páginas prediletas com ofertas impossíveis de desejar, além de pop-ups obrigatórios.

O comércio digital por seu volume e interesse intenta ganhar confiança e credibilidade e por que não dizer eficiente publicidade pipocando prêmios muito obviamente inexistentes, são carros, tablets, iphones, ipads, casas, viagens, para os quais os indivíduos são diária e repetidamente sorteados em seus receptáculos de notebook a celular!

O flanelinha sabe que somos indefesos. A internet nos chama de idiotas e faxina nossa telinha com pretextos de progresso e atualizações pautadas pelo inalterável, apostando em persistir na instalação de nossa burrice a favor dos seus bugs do segundo, do aqui agora, só um pouquinho. Quer usar? Permita...Soft &Power.

Nada contra o patrocínio e a publicidade inteligente. Tudo contra o oportunismo flanela de supostas caridades milionárias de assaltantes tecnológicos do ambiente internauta subtraído da sua necessária seriedade no que tange a conferir espaço para legítimos interesses tanto públicos quanto privados obviamente já consagrados e para os quais patentes elevadas ao infinito subsistem remuneradas por tempo mais do que o suficiente e devido.

Não se trata de saber quem publica ou se expressa livremente num veículo disponível e sigiloso até o ponto do permissível e responsável, mas de consagrar meios legítimos aos usuários pagantes e cientes, sem invasões eletrônicas oportunistas típicas de todo o império pretenso ou decadente.  E não tem Robin Hood para disfarçar a desfaçatez infecciosa permanente na tributação de ares universais libertários criptografados por injúrias indefinidas quanto ao seu conteúdo e indeterminadas quando ao seu valor.

Flanelinha não é marco nem na rua, quem dirá no mundo institucional!

Jussara Paschoini