terça-feira, 17 de maio de 2011
JUSTIÇA E VINGANÇA
Inúmeras definições científicas do justo poderiam trazer ao intento desse texto o conceito de Justiça, mas é com a simplicidade de um dito popular, de uma saia, que o foco da adequação, do servir, do encaixar e, ao mesmo tempo, provocar certo desconforto, pode mesmo refletir esse valor tão comum e variável nas órbitas das relações humanas.
A vingança, em contrapartida, pode também ter a análise simples do dito popular do olho por olho, a meio que invadir o certo desconforto característico do justo, traduzindo-o para a subjetiva reação, para o reflexo absoluto. O servir, o encaixar, o adequar na vingança é exato, determinado e, um cego estaria plenamente autorizado a furar o olho alheio.
Eis a diferença.
A justiça não é determinada é conquista, é o “certo” desconforto e não um precedente manipulável.
Nas mais diversas sociedades politicamente organizadas, o certo desconforto define-se em multas, privação de liberdade e pode chegar à morte, restando saber, em face da criminalidade crescente, o quanto certo está a ser o desconforto instrumentalizado pela lei e aplicado pelos homens.
Partindo do desconforto mais comumente utilizado na adequação e serviço do homem social, a privação da liberdade, é possível compreender não haver mais certa forma de ajustar condutas, pressionar e punir o indivíduo junto a seus semelhantes do que aquela que lhe tira a liberdade.
Questione-se, todavia, que liberdade? A de ir e vir apenas? A de pensar? A de conviver em sociedade? A de se expressar?
Resuma-se, priva-se o indivíduo da liberdade de ser ele mesmo, vestindo-lhe uma saia justa, com a ressalva de que esta possa ser também uma camisa de força.
É simples, todo mundo sabe!
Desafio é notar que a justiça se torna vingança quando o homem social, a exemplo do cego, desconhece a liberdade e não pode, por conseguinte, ser privado do que não possui, estando pleno de poderes para furar o olho alheio ou para causar qualquer mal porque o máximo a lhe acontecer é perder o que já não possui.
Qual seria o “certo” desconforto de um esqueleto ou de uma marionete?
Jussara Paschoini
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