terça-feira, 6 de setembro de 2011

A FOME, O AMOR E O ESTADO




Franz Oppenheimer na qualidade de cientista, em específica análise do fenômeno estatal, argumentou que o homem possui duas necessidades básicas, fome e amor. Para satisfazer essas necessidades se utiliza de dois meios, o econômico e o político, um sustentado pelo trabalho e o outro sustentado pela força.

O meio econômico encontraria paradigma histórico nos trabalhos agrícolas e o meio político na subtração do fruto do trabalho pela força, o furto ou roubo.

O meio econômico ameaçado pelo meio político passou a realizar com ele alianças que se tornaram o alicerce do ente estatal, mediante instituição do dever de proteção, chegando à formação de exércitos e a sagração de heróis na proteção e fixação de territórios.

Considero esta visão a mais verdadeira em termos da formação do que hoje temos como “Estado” observando que este ente numa visão mais moderna representa a integração de três elementos: nação, território fixo e sociedade politicamente organizada.

A sociedade politicamente organizada é aquela que possui normas constitutivas do poder ao qual se submeterá, de forma a dar-lhe causa e legitimidade eliminando a usurpação enquanto característica original da ascendência do meio político sobre o meio econômico.

Evoluiu-se muito na idealização do poder, diversificando os moldes de sua concessão e execução, assim como se evoluiu em muitas outras ciências.

O ser humano, contudo, continua o mesmo, e muitas vezes o poder que se exerce dentro das esferas ideais é o mesmo, o da satisfação das necessidades de fome e amor, ou seja, os critérios primordiais são mantidos para satisfação individual em nome do coletivo. Ilegítimo, mas factível.

Assim, a finalidade do ente estatal continua perdida na lúdica exibicionista das adulações oriundas do elitismo e o trabalho rebaixado à servidão.

Grandes obras não ficam registradas pelos seus verdadeiros realizadores, mas por aqueles que conseguem, por sorte ou esperteza, ser adulados por elas, porque o sacrifício alheio não nos interessa, precisamos da glória dos que se mostram poderosos e que lamentavelmente tiram considerável proveito disso.

Enquanto as partes do conjunto, os elementos da coletividade não se reconhecerem em ambas as características, tanto econômica quanto política, as exigências nacionais ou globais (como queiram) serão mantidas ao nível da adulação e os adeptos do exercício do poder buscarão sua satisfação individual, valendo-se de quem detiver o controle suficientemente ilusionista para rapidamente desfazer em deleção típica da vanguarda moderna, qualquer evidência deste fato.

Não há substituto para a consciência e nosso valor é fruto do que valorizamos.



Jussara Paschoini

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