segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

OS ENGODOS TECNOLÓGICOS




Tempos de furores ecológicos pormenorizam detalhes da preservação ambiental dedicando afora ativismos políticos de indumentária verde, pesquisas acerca de espécies vegetais e animais, monitoramentos, mapeamentos, planos de recuperação e resgate de áreas naturais, enfim ativam-se com algum apoio e muita força de vontade um ainda insuficiente movimento para redesignar parâmetros de boa exploração e uso da biosfera.

Arqueologia e artes restauradoras da história nas diversas expressões da humanidade beneficiam-se de avanços científicos permitentes de novas linhas de investigação e acesso ao achado e preservado para efeitos de avivar o quanto de esplêndido existiu como quadro da existência em diferentes enfoques e modos de evolução cultural. Tudo isso resultando no acervo de alguns museus muito pouco conhecidos e muito pouco acessíveis ao cidadão comum, bem como na produção de teses e estudos nem sempre publicados ou trazidos à análise de comunidades científicas universitárias.

No entanto, a expansão em voga é a tecnológica, o superpoder dominante no mercado é a energia e a informação rápida, baseada em inovações vulgares de rudimentos científicos apresentados periodicamente como a grande revolução em matéria do interesse consumista que arrasta milhões de um lado para outro sem ofertar praticamente nada em termos de avanço relevante ou efetivo.

É o império da novidade momentânea com status futurista, na verdade um artifício idiota e repetitivo de máquinas que só mudam de peso, aparência, tamanho e principalmente de preço, simplesmente porque não têm maior extrato de aprimoramento, não pelo menos sem desvirtuar a sua essência de funcionamento por princípio.

Nesse contexto é lamentável notar o quanto do conteúdo econômico plausível a desenvoltura de valores intelectuais de potencial produtivo fica barrado na seara experimental do consumidor tecnológico de engodos sazonais, movimentando recursos de forma inócua. Daí a careta dos investimentos, a falta de mão de obra qualificada, a estagnação da prestação de serviços e a insuficiência das ações virtuais e tecnocratas para aquecer o mercado, cercado no seu rodopiar sobre os próprios pés, mas paradoxalmente pretenso de expansão.

O luxo permanece incólume nas produções artísticas de design exclusivo enquanto excrementos tecnológicos programam o crescimento da indústria e do comércio na rota da insensatez garantida. Novos modelos não são novos modelos, são testes de consumo e as cobaias pagam o preço da crise, crentes de vivenciar o caminho do progresso.

É interessante lançar olhos para a ciência desvinculada das tacadas empresariais majoritárias e da lucratividade fagocitária, para as divergências paradigmáticas e para ações firmadas com esse sentido, deixar de partilhar os riscos e transtornos do dinheiro fácil em prol de um enriquecimento fictício e ilegítimo permanentes.

A indústria automobilística e o petróleo continuam a centralizar soberanos o universo das atenções analíticas de valor econômico, mas são os oponentes das necessidades de transporte coletivo eficiente e acessível e o uso de energia limpa o contraponto de relevo, o princípio evolutivo, a inovação disponível a quem não está ativado na produção e na robótica econômica tradicional, o nicho a ser mais explorado a exemplo de tantos outros que não precisam eliminar a manutenção dos "males" vigentes, mas merecem abertura e destinação de recursos dirigidos na substituição do que já não é mesmo mais nenhuma inovação e sim desgastante engodo.

Jussara Paschoini



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