Imaginamos e
nada é como imaginamos, senão não imaginaríamos. Interessante é que pode ser
melhor, pode ser pior e também pode ser bem próximo da realidade sem nada ser,
mas é fato que sem imaginação nem um almoço tem graça.
Um bife de
ancho é só um bife de ancho até você pegar a peça congelada ou não, imaginar o
que vai usar para o tempero, o acompanhamento, e mesmo que tudo se resuma a sal
grosso adiantado pela manhã, arroz integral no ponto rápido e preciso da
panela de pressão, feijão temperado na hora com alho e sal e uma saladinha de
alface com cebola, azeite e limão, tudo começou imaginado o barulhinho da
gordura queimando em meio a ervas aromáticas jamais aparentes no prato feito afinal
de outro jeito.
Ainda que a
sobremesa não seja de própria autoria e tenha o carimbo de um confeito qualquer
mais próximo de casa, com chocolate e avelã no glacê do bolo feito para fazer
você feliz, bem mais do que seria com um pedaço de equivalente e supervalorizado
ovo de páscoa, o café coado direto na garrafa térmica previamente aquecida
junto com as xícaras certamente terá o aroma sonhado, no atraso de alguma hora ao
expectante deleite. Doce é sempre doce e se for bolo com creme levinho e
castanhas, melhor. Café, ah...café com tudo!
Certo que um ovo
vaporizado ao molho de trufas dos montes farejados por perdigueiros
tradicionais e cogumelos austríacos assados na lenha, acompanhado por um vinho
toscano traduzirá talvez, algo mais imaginativo, mais com cara de sonho a
realizar, entretanto, imaginação tem dimensão própria, livre de floreios. É luxo
de quem tem e não de quem pode comprar, aliás, nada mais sem imaginação do que a
certeza dada pela grana.
Falta de
imaginação também é crer que a dor de cabeça valha uma Pirassununga frente a um
legítimo escocês, porque não tem imaginação que dê jeito nisso.
Nada é como
imaginamos mas é muito menos o inimaginável, por mais que se tenha e por menos
que se precise fazer a respeito. É sensato que o tempo desfaça vaidades,
dificulte algumas escolhas e facilite outras. Equívoco é que a imaginação
pereça por isso e que fiquemos abandonados a algum destino comprado sem chance
de decepção sequer, porque desistimos desse importante desafio.
Quer comer um
bife? Imagine antes...
Jussara Paschoini
Nenhum comentário:
Postar um comentário