Verdade seja
dita, político profissional é sinônimo de desonestidade. É fato, nem ser
síndico de prédio nos dias atuais configura retrato de boa conduta, o síndico é
alguém que suportamos, às vezes até sustentamos porque não queremos mexer com a
sujeira, não queremos nos expor aos pequenos detalhes do coletivo e se por acaso
quisermos, ousarmos participar, o desgaste diante de interesses outros, já
preparados e engendrados descompensa o fato de estar vivo, porque já somos
cobrados suficientemente por nossas naturezas dependentes para ainda gastar
mais tempo com quem estabeleceu, por outro lado, seu modo de vida, politicando,
sendo comissionado daqui e dali, tirando um pouco dacolá e preparando o terreno
para continuar assim o quanto for possível, até que outro mais esperto assuma o
bagaço.
Quando
corrupção vem à tona nela refletimos nossa fragilidade, o fato de estarmos
sempre entre a cruz e a espada, porque ou vivemos o sacrifício da submissão ao
desonesto ou morremos de raiva e de dor só de chegar perto. É triste e nem por
isso morto, fato para fazer encarar a rebeldia, a vontade de atacar por todos
os meios, a começar com os cerebrais, tudo que conspira contra o bom senso para
redundar num simbólico descanso numa mesa de massagem ao preço da alma suja, presa num terno de grife, gravado numa comédia paparazzi, talvez com uma sobra
pornográfica para fazer inglês rir ou chorar.
O preço da
riqueza política é perfume francês para disfarçar o mau cheiro e quem quiser
que feda junto.
Na
contrapartida da ratoeira o pensamento, a discordância e a atitude antibiótica
preventiva da contaminação, a crítica insistente, a visão comportamental
distinta e o cultivo do amor.
Filho da puta
nenhum sobrevive ao mau olhado da sociedade.
O político se
vende porque existe quem o compra na manutenção do lamaçal reciclável, uma
circunstância que leva a crer que se esse equilíbrio fosse quebrado, poderíamos
viver num mundo mais ecológico.
Observamos as
instituições financeiras engajadas em investir recursos de poupança nas
produções de retorno teoricamente garantido, sustentadas pelo regime de
controle publicitário das massas, um monstro devorador de mentes e corpos
dispostos a tudo para supostos quinze minutos de glória, ou trinta anos de
dívida para aquisição da casa própria.
Ofertas de
crédito e retratos de inadimplência, juros exorbitantes e crises que se sucedem
umas após as outras só evidenciam que algo de autodestrutivo está se
processando quanto mais o fator humano é relegado a despeito de toda a gama de
construção científica e intelectual depoente de força contrária.
Assim, se
realça importante observar nos modelos econômicos de sucesso, algo que possa
ser integrado às propostas de valor científico e cultural de relevo e quem sabe
assim, dar maior utilidade aos entes políticos para assegurar integridade e
retorno consistente às ações econômicas atuantes em escala verdadeiramente
edificante.
O know-how
presente nas franquias comerciais da atualidade vem traduzindo métodos bastante
eficazes de investimento e construção empresarial privada, o que significa que
determinada uma qualidade, uma marca e um modo operacional de sucesso, mediante
instituição de conceitos operacionais articulados, o retorno de investimento acaba
sendo muitíssimo preciso.
Do mesmo modo,
tudo que se constitui interesse público (saúde, agricultura, educação, transporte
e moradia) poderia angariar moldes franquiados de sagração de modelos
científicos e culturais de valor para se ativar no mundo social com todos os
amparos, inclusive publicitários para garantir retorno a todo investimento
feito com essas premissas, no caso por ativação estatal integrada às forças
econômicas.
Franquiar
modelos de interesse público com a disponibilização de métodos, recursos e
supervisão estatal poderia eliminar a inesgotável corrupção dos atos
administrativos de concorrência, bem como direcionar a inoperância de
servidores públicos burocráticos a ativação melhor direcionada por métodos de
atuação aperfeiçoados pela presença ideológica.
Em suma, a
riqueza intelectual do país, a qual se sabe presente, e sem a exclusão dos
potenciais de mídia, uma vez observados os preceitos jurídicos constitucionais
na realização do interesse público, poderiam franquiar ao privado modelos de
execução, disponibilidade e supervisão capazes da garantir qualidade e retorno
a toda e qualquer atividade relacionada, de modo a intensificar a cooperação
dos interesses econômicos rumo a verdadeiras realizações.
Isso
significaria menos mentiras postas a venda e mais dívidas pagas sob propostas
melhor garantidas.
Cidadãos
dirigidos pela livre iniciativa amparada tendem a evoluir naturalmente para
resguardar o bem coletivo, uma circunstância que pode ter como consequência
indivíduos de melhor estrutura psicossocial e, portanto, menos subjugados pela
dependência na produção dos retardos da insegurança coletiva.
Apesar do mal
estar atual e da infeliz expressão política somada à ciranda financeira de
cançõezinhas inexpressivas conducentes de uma pobreza indisfarçável, alguma
ideia é para se ter, alguma esperança é preciso acenar, não para ditar o que já
é ditado, mas para pelo menos saber que todos poderiam mais que isso.
Jussara Paschoini