A noção de
convívio social embasador da ação do indivíduo no universo coletivo comporta um elemento crucial
para análise deste, porque não se ignora que não há igualdade entre seres
humanos e muito menos entre talentos e quando o assunto é competir está-se
diante de dois conceitos interligados, a vitória ou derrota, para ambas
inexistindo ponderação ou meio termo.
O sacrifício
do indivíduo na competição é regra e qual seja o terreno da batalha a feição
inconfundível da dor se fará sentir, o que nos leva a crer que a igualdade é um
emblema teórico com vistas à pacificação.
É próprio
dizer que no mundo do convívio a competição e a pacificação, ambos existem e
não são excludentes um do outro e, a bem da verdade, caracterizam,
principalmente, quando o assunto é esporte, o que uma visão moderna pode
traduzir como aprimoramento do equilíbrio das forças antagônicas.
A competição
sobressalente do talento que se evidenciar diante de qualquer desafio externo,
deve não só aprimorar todas as variáveis do ambiente e objetivo ao qual se
aplicar, como trabalhar o refinamento mantenedor do equilíbrio acima mencionado
não como empecilho da força competitiva, mas como catalizador do medo da
derrota.
Não é possível
saber onde começa a competição e de onde nasce o equilíbrio, mas por óbvio,
consideradas as variáveis, principalmente de “sorte”, é possível deduzir que da
ação competitiva refinada e, portanto, melhor, nasça um elegante senso de
justiça e dele a tradução da pacificação como disfarce ao fato de que “todo
mundo é parecido quando sente dor”.
Do mesmo
modo, não é possível saber onde nasce o sexo e onde começa o amor, mas é
possível deduzir que nesta esfera, onde a dor também se faz notar com diferentes
graus de profundidade e demonstração, a competição possa ganhar refinamento e
com ele um elegante senso de justiça para resultar na liberdade de desfrutar de
uma vitória menos isolada e maçante e vice-versa.
Roer a roupa
do rei de Roma, em tempos de Aids sem cura, é falar de poligamia e poliandria num mundo patriarcal onde o modelo é
terrorista e xiita e a prática do esporte é decadente.
Voltando,
pois, à matéria mais palpável da competição, o que se tem hoje em termos de
esporte perdeu a feição da vitória e derrota e ganhou a necessidade de
patrocínio, não provoca equilíbrio e participa, decentes apaixonados à parte, com torcidas doentes em busca de
resultados anabólicos, sanguinários e remédios antidoping. Não é esporte é comércio, além de frustração
político-econômica.
Há exceção e
há refinamento, mas aí a vitória é menos certa e menos reconhecida e, portanto,
sem patrocínio.
Todavia,
mesmo sem o modelo esportivo digno de valor a competição continua a fazer parte
da vida social e a tornar evidente a necessidade do equilíbrio de forças
antagônicas como catalizador do medo na cura das mazelas de toda a ordem desde
a criminalidade até a morte milionária pelo uso de entorpecentes.
Roer a roupa
do rei de Roma é falar em controle de natalidade e legalização do aborto e ao
mesmo tempo implorar pela aplicação constitucional da obrigatoriedade plural de
ensino, observando como acessório a prática saudável do esporte refinado e das
escalas de profissionalização integradas no rumo de oportunidades evolutivas
iguais para cada ciência e forma de pensamento e ação disponíveis a todos os
membros da sociedade, a começar pelos menores abandonados.
Deixar o Rei
de Roma pelado é vê-lo cometer suicídio diante de uma sociedade solidária e
cooperativa onde a guerra se tornou relíquia e o amor é livremente vivido “na
rua, na chuva, na fazenda ou numa
casinha de sapê” e todo mundo joga as mãos para os céus de vez em quando sem
estar sentindo dor e muito menos medo, mas vitória.
Se Eva, talvez, sonhou
com esse paraíso enquanto mordia uma maçã, o resto pode...
Jussara Paschoini
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