segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A MATEMÁTICA É UM SONHO DISCIPLINADO





Para quem não se engajou nas ciências exatas é provavelmente sabido que ultrapassada a barreira das quatro operações básicas, todo o resto em termos de matemática parece envolto em uma nuvem de mistério, capaz de levar muitos a crer em considerável grau de deleção no tangente ao mundo simbólico dos números quando o inconsciente possui mais liames com as palavras, as metáforas e metonímias enquanto frutos de maior espontaneidade nos processos mentais.

A matemática é a ciência da quantidade e espaço e embora surgida de necessidades reais, como contar, medir, calcular e organizar espaços e as formas caracterizadas pela exatidão e dedução imprópria à representação inconsciente, demanda no seu avanço um grau de simbologia e reestruturação consideravelmente dependente de impulsos.

No caso, a necessidade de impulso é uma complicação ao senso de abstração mediata, ou seja, a vontade instrumentalizada por números, pelo menos para alguns, é menos direta e mais limitada, concomitantemente pode ganhar correspondência ao infinito pela evolução de troncos hipotéticos dedutivos exatos, o que, estando desvinculado de algum senso utilitário, muitas vezes será ativado e estagnado, cognitivamente falando.

No mundo jurídico nenhuma pretensão é válida para produzir efeitos se não for certa quanto a sua existência e determinada quanto ao seu conteúdo, fixando se tratar de algo não apenas tangível pelo pensamento como dedutível em concreto, isso traduzindo um retrato humanístico de um termo ou resultado pertinente a ser quantificado para delinear e determinar seu modo de satisfação, ainda que não seja numérico ou pecuniário.

Na esfera da matemática enquanto ciência exata, a existência e o conteúdo estão por ser determinados como meio a um fim a ser conhecido, muitas vezes em uma esfera exclusivamente abstrata, investigativa e analítica mais baseada em dinâmica do que em vontade propriamente dita, donde se exige do inconsciente o acato e domínio de uma nova ordem simbólica para efeitos satisfativos e considerações práticas, sendo fato aí surgir a circunstância bastante adequada ao suplemento e disponibilidade áudio visual sempre que possível e ou necessário para melhor desenvoltura.

Não se trata da produção de verdades eternas, infalíveis e imutáveis, muito pelo contrário, se trata de composição contínua, integrada por representações totalitárias inquestionáveis em si e harmonizadas dentro de uma questão producente de resultado fixo e ao mesmo tempo aberto a novas questões.

O reconhecimento dos números negativos, por exemplo, é um demonstrativo da alternância matemática e da evolução das práticas numéricas, isto porque estes foram considerados fictícios e até absurdos até sua aplicação como medida a segmentos de direção oposta, o que por sua vez reconheceu a positividade do produto de uma multiplicação entre negativos e a negatividade se a multiplicação destes for integrada por um positivo.

Do reconhecimento dos números negativos a plausibilidade do gráfico cartesiano, as convenções dos meridianos e paralelas em linhas latitudinais e longitudinais, fundamental para localizações no espaço aéreo, terrestre e marítimo.

Hoje há também o espaço virtual a se considerar enquanto produzido pelo conjunto de tecnologias e interconexão comunicativa.

A tridimensionalidade também patente da atualidade é derivada do relacionamento de ângulos com segmentos e apuração de medidas triangulares, ou seja, trigonometria.

A finalidade típica quantitativa e básica da matemática de domínio comum para efeito de qualquer área humanística ou mesmo biológica tem inúmeros graus de expressão estatística, gráfica e analítica, cuja produção já se considera muitíssimo válida para efeitos de qualquer projeto e aferição científica.

Não é, porém, esta óbvia praticidade lógica da matemática, o que vem em tempos de alta evolução informática e dos planos representativos da realidade virtualizada, a se configurar em friso ao apreço e ratificação, mas a necessidade crescente de se assimilar como fundamental a todas as ciências, uma melhor noção aplicativa da ciência de organização espacial, bem como dos padrões de relação dedutivos para efeitos de incorporar novos métodos de assimilação científica a todas as áreas em que a evolução respectiva for cabível, em suma, todas.

O direito ambiental, por exemplo, se apresenta cada vez mais vinculado a informação georeferenciada enquanto ferramenta fundamental a constatação e análise de recursos naturais distribuídos em espaços interessantes para essa área. A propriedade de áreas protegidas pode encontrar responsabilização no espaço virtual.

A música mesmo há muito instituiu sua relação com a matemática como é o caso da isometria aplicada a preservação de intervalos entre os sons de um conjunto instrumental.

Não é crível na atual conjuntura se relegue ao plano básico tradicional a importância dos aplicativos matemáticos e nem que tais conhecimentos se mantenham reduzidos e limitados a uma pequena parcela de cientistas especializados pois a ciência em si deve servir a evolução das mais diversas áreas e não se prestar apenas e tão somente aos expedientes típicos da informática computacional e ao comércio digitalizado.

Aliás, reste claro que não a calculadora, mas, o conjunto informático como um todo, a mecânica simbólica, se presta a reinstrumentalizar e facilitar a imensa gama de conteúdos de interesse algébrico e geométrico para pertinente aprimoramento prático. 

A realização de sonhos não é mais apenas uma questão de ideal ou sorte, é aprimoramento e valorização desta maravilha que hoje não só pode como deve ganhar maior dimensão para aptidão em todas as ciências, a matemática, a alta cultura da abstração disciplinada, elevada ao infinito.

Jussara Paschoini




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