Para quem
não se engajou nas ciências exatas é provavelmente sabido que ultrapassada a
barreira das quatro operações básicas, todo o resto em termos de matemática
parece envolto em uma nuvem de mistério, capaz de levar muitos a crer em
considerável grau de deleção no tangente ao mundo simbólico dos números quando
o inconsciente possui mais liames com as palavras, as metáforas e metonímias
enquanto frutos de maior espontaneidade nos processos mentais.
A matemática
é a ciência da quantidade e espaço e embora surgida de necessidades reais, como
contar, medir, calcular e organizar espaços e as formas caracterizadas pela
exatidão e dedução imprópria à representação inconsciente, demanda no seu
avanço um grau de simbologia e reestruturação consideravelmente dependente de
impulsos.
No caso, a
necessidade de impulso é uma complicação ao senso de abstração mediata, ou
seja, a vontade instrumentalizada por números, pelo menos para alguns, é menos direta e mais limitada, concomitantemente pode ganhar correspondência ao infinito pela evolução de
troncos hipotéticos dedutivos exatos, o que, estando desvinculado de algum
senso utilitário, muitas vezes será ativado e estagnado, cognitivamente falando.
No mundo
jurídico nenhuma pretensão é válida para produzir efeitos se não for certa
quanto a sua existência e determinada quanto ao seu conteúdo, fixando se tratar
de algo não apenas tangível pelo pensamento como dedutível em concreto, isso
traduzindo um retrato humanístico de um termo ou resultado pertinente a ser
quantificado para delinear e determinar seu modo de satisfação, ainda que não
seja numérico ou pecuniário.
Na esfera da
matemática enquanto ciência exata, a existência e o conteúdo estão por ser determinados
como meio a um fim a ser conhecido, muitas vezes em uma esfera exclusivamente
abstrata, investigativa e analítica mais baseada em dinâmica do que em vontade
propriamente dita, donde se exige do inconsciente o acato e domínio de uma nova
ordem simbólica para efeitos satisfativos e considerações práticas, sendo fato aí surgir a circunstância bastante adequada ao suplemento e disponibilidade áudio visual
sempre que possível e ou necessário para melhor desenvoltura.
Não se trata
da produção de verdades eternas, infalíveis e imutáveis, muito pelo contrário,
se trata de composição contínua, integrada por representações totalitárias
inquestionáveis em si e harmonizadas dentro de uma questão producente de
resultado fixo e ao mesmo tempo aberto a novas questões.
O
reconhecimento dos números negativos, por exemplo, é um demonstrativo da alternância
matemática e da evolução das práticas numéricas, isto porque estes foram
considerados fictícios e até absurdos até sua aplicação como medida a segmentos
de direção oposta, o que por sua vez reconheceu a positividade do produto de
uma multiplicação entre negativos e a negatividade se a multiplicação destes for
integrada por um positivo.
Do
reconhecimento dos números negativos a plausibilidade do gráfico cartesiano, as
convenções dos meridianos e paralelas em linhas latitudinais e longitudinais,
fundamental para localizações no espaço aéreo, terrestre e marítimo.
Hoje há
também o espaço virtual a se considerar enquanto produzido pelo conjunto de
tecnologias e interconexão comunicativa.
A tridimensionalidade
também patente da atualidade é derivada do relacionamento de ângulos com
segmentos e apuração de medidas triangulares, ou seja, trigonometria.
A finalidade
típica quantitativa e básica da matemática de domínio comum para efeito de
qualquer área humanística ou mesmo biológica tem inúmeros graus de expressão estatística,
gráfica e analítica, cuja produção já se considera muitíssimo válida para efeitos
de qualquer projeto e aferição científica.
Não é, porém,
esta óbvia praticidade lógica da matemática, o que vem em tempos de alta
evolução informática e dos planos representativos da realidade virtualizada, a
se configurar em friso ao apreço e ratificação, mas a necessidade crescente de
se assimilar como fundamental a todas as ciências, uma melhor noção aplicativa
da ciência de organização espacial, bem como dos padrões de relação dedutivos para
efeitos de incorporar novos métodos de assimilação científica a todas as áreas
em que a evolução respectiva for cabível, em suma, todas.
O direito
ambiental, por exemplo, se apresenta cada vez mais vinculado a informação georeferenciada
enquanto ferramenta fundamental a constatação e análise de recursos naturais distribuídos
em espaços interessantes para essa área. A propriedade de áreas protegidas pode encontrar responsabilização no espaço virtual.
A música
mesmo há muito instituiu sua relação com a matemática como é o caso da
isometria aplicada a preservação de intervalos entre os sons de um conjunto
instrumental.
Não é crível
na atual conjuntura se relegue ao plano básico tradicional a importância
dos aplicativos matemáticos e nem que tais conhecimentos se mantenham reduzidos
e limitados a uma pequena parcela de cientistas especializados pois a ciência
em si deve servir a evolução das mais diversas áreas e não se prestar apenas e
tão somente aos expedientes típicos da informática computacional e ao comércio
digitalizado.
Aliás, reste
claro que não a calculadora, mas, o conjunto informático como um todo, a mecânica simbólica, se
presta a reinstrumentalizar e facilitar a imensa gama de conteúdos de interesse
algébrico e geométrico para pertinente aprimoramento prático.
A realização
de sonhos não é mais apenas uma questão de ideal ou sorte, é aprimoramento e
valorização desta maravilha que hoje não só pode como deve ganhar maior dimensão para
aptidão em todas as ciências, a matemática, a alta cultura da abstração
disciplinada, elevada ao infinito.
Jussara Paschoini
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