Coeficientes,
índices, produtos para medir as mais diversas manifestações do que já se assume
como felicidade, sim, porque já se fala no índice de felicidade em empresas, em
cidades e em países, mas o fato é que existe outro possível e cogitável medidor
cuja atenção soa particularmente interessante, o de inocência, afinal é
presunção da vida em sociedade até prova em contrário não é?
Neste sentido,
o de presunção da vida em sociedade, ou mesmo em outros, a inocência se pode
associar à pureza, à ausência de mácula, de mancha e de culpa ou dolo,
cumprindo diferenciar que a primeira trata de intenção e o segundo de intenção
e motivo, mas em ambos a inocência estará em cheque para legitimar o sujeito no
quanto agir ou não, o que, de certo modo, faz da vida uma batalha muito mais
voltada para inocência. Nada se afigura
legítimo se não for inocente e a pureza é a virtude das virtudes, a substância
das substâncias, quem sabe, o vácuo.
Se houvesse
pureza e inocência, não seria necessário presumir, isto significando
estabelecer o prévio patamar da suspeita como ponto a ser superado pela prova. E eis refletido o consenso no reconhecer da
impureza, o resguardo secreto das máculas até que apareçam o suficiente para
provocar dúvida e mais que isso, incomodar e ou causar danos.
A inocência
perde grau quando confronta o consenso suficientemente a gerar suspeita de
culpa ou dolo, portanto de intenção e motivo impuro.
A intenção é o
que faz, e o motivo é o porquê faz, nenhum dos dois produz efeito mas ocupam o
recinto sagrado da inocência seja ele interior ou exterior, individual ou
coletivo. São os pesos de avaliação dos atos.
Ser inocente
depende então de intenções e motivos guardados ou não, o que faz deduzir o
óbvio de que onde não há intenção e nem motivo, há inocência, mas será? É puro o sem intenção e sem motivo porque
vazio e por isso ninguém deixa de ser puro ou inocente até que se presuma estar
suficientemente cheio deles.
O exemplo
clássico de inocência é o das crianças a quem o suposto vazio da inexperiência
atribui a pureza de motivos e intenções que mais tarde podem aparecer como
efetivamente são, boas ou más em suficiente desenvoltura.
Dito isso, sem
pretensões simbólicas ou psicanalíticas, é ululante que convivamos com a
estupidez dogmática de agir sem motivos ou intenções para atender a algum
conceito de pureza inexperiente e assim saldar a dívida de inocência, bem como
cobrá-la dos demais. Garantir o vazio é muitas vezes a primazia da fé.
Virgindade é
matéria de leilão e há quem rife o coração, o sovaco e diversas partes
cabeludas da existência!
Intencionar ou
ter motivos é difícil porque afronta a sagrada inocência, para não falar que contrariamente
às visíveis vantagens, pode produzir prejuízos, colocar posses e contratos em
dúvida e ainda modificar um cenário de especialistas em ser feliz.
E o que fazer
então? Preencher o vazio, de preferência com a pura felicidade dos
especialistas ou veementemente negar sua incômoda e tola existência, com ou sem
medo, a exemplo de lutadores e candidatos ao poder ou o dos praticantes de
alguma lei superior, com o céu, a fama ou a riqueza como garantia!
No entanto, é
sabido, mais cedo ou mais tarde, tanto o vazio como as intenções se farão notar
porque a chupada no sorvete não dura para sempre e aquele salgadinho ali na
frente de repente ficou atraente. Assim somos nós, o arroz e o feijão...
Ser inocente ou
culpado, vazio ou cheio de intenções e motivos faz parte da vida, a escolha
está no quê isso promete e no porquê de se tornar dívida. Saber o que está
comprando ou vendendo define o tal índice de felicidade? Consulte sempre um
especialista.
Jussara Paschoini
Nenhum comentário:
Postar um comentário