quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ROCK’N ROLL E REPUGNÂNCIA




Chacoalhar para ver o que sai e como é que fica pode ser uma atitude, uma característica atribuída a alguns gênios e até um padrão de sucesso. Não é Rock’n Roll é repugnante.

O lamento em cordas e o som amplificado eletronicamente com batidas marcadas e vozes com específica tonalidade lacerante tanto em timbres graves como agudos, em baixo ou alto volume rasgam o continente das repressões harmonizando efeitos antagonistas de peso à uma realidade imponente e nem por isso pouco temerária. Rock é rebeldia organizada cheia de consequências e impressões individuais para repercussões coletivas.

Chacoalhar é mera infantilidade, criança chorando no berço tentando chamar atenção e não tem a ver com inquietude ou nada de espiritual, é manha e birrinha, chororô insuportável. Impulso forçado, poesia roubada para a transferência de tédio.

Para alguns o Rock’n Roll não tem o apelo louvável das elaborações clássicas, porém é errado confundir a diferença reinante na distinção de gostos com aquela repugnante e peculiar de quem chacoalha para ver o que sai e consegue pegar no tranco, chamando isso de sucesso ou pior, de benção polar extremada dos entes morais agentes do acaso.

O repugnante fabrica crises sem nexo, destituídas de qualquer emoção por puro exibicionismo e consegue tirar vantagem disso, tornando-se uma espécie de motor velho, enguiçado, repetitivo e carente de forças alheias para sair do lugar num milagre fabricado, convertido em novidade moderna e revolucionária.

O mérito de tamanha repulsa é para quem não serve de exemplo, são os olhos de quem compreende a necessária manutenção de distância já que os portadores de chacoalho nada trazem além de muito barulho a favor do nada que tem a demonstrar.

Gênio combina impulsos que possui com inteligência, repugnantes não possuem impulso, trepidam qualquer coisa e chamam isso de criação, temperamento forte, pavio curto ou paixão enfeitada com muito gelo seco e qualquer porcaria alucinógena misturada com sexo e palavrões, estes sempre chamativos.

Portanto a quem não gosta de Rock, fica o lamento de não ser tomado pela mensagem ou tocado pelo conteúdo naturalmente muito presente, todavia, confundir Rock com pessoas e fatos repugnantes é equívoco dos grandes entre o eterno e o velho anabolizado fazendo gestos obscenos por entre cabelos arrepiados num aceno démodé.

Jussara Paschoini

    

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