Ninguém é
educado quando está com fome e civilização e miséria são contradições,
portanto, quando se avalia uma ordem moral com vistas a pacificar o convívio em
sociedade, a corte, o papado, o reinado, a universidade, o congresso, o hino,
pouco dizem. A miséria é o inexorável do grau civilizado de qualquer cultura e
não importa a beleza dos monumentos, a qualidade da literatura, a fidelidade
das rezas e a submissão das mulheres. Filhos desmamados precisam de comida,
teto, alfabeto e brincadeira, se isso falhar todo o resto vai atrás escondido por
símbolos nacionais frequentemente arrotados pelos embustes patrióticos.
Não tem café e
narguilé que supere a fraqueza física e a depreciação ética de quem vive em
estado de necessidade e absoluta ignorância. E é para eles então que o capital excedente de nações
prósperas vem sob a forma de investimento, aventura, filantropia e ambição,
direto para mentes um pouco mais inteligentes e midiáticas, lideranças perenes em suas
institucionalizadas barbáries, crivo garantidor da traição do governo para com
os governados, moderna pirataria de escravos que nem precisam mais ser
transportados para lugar nenhum, estão lá, defendendo território, reservas naturais e
crença com o cérebro à toque peristáltico.
Interessante porém
é que se a miséria desconcerta a moral a ganância sobrevivente disso é
proporcionalmente instável e exponencialmente fóbica porque fontes se esgotam,
ovelhas negras nascem, e o amor acaba! E como já diria o finado Chorão: Guerra!
Brasões se confrontam
e é declarada a independência, da exploração ao conflito bélico é só um pequeno
tiro de carabina. E o imperialismo leva a fama, além de providenciar as armas,
preferencialmente para ambos os lados.
Não é difícil saber
quem ganha.
O terrorismo se
justifica porque os jovens e os pobres ameaçados pelo desculto aos seus algozes
precisam ser preservados junto com sua pátria e cultura subsidiária dessa mesma
submissão convidativa atroz da pertinente prática sanguinária. E o imperialismo
reage com o que tem de melhor, o clamor da liberdade e de pior, a paixão pela dominação da vingança, além de fazer cinema e publicidade. Tudo instantâneo e solúvel em sangue e fibra ótica.
É muito mais teórico
que prático o confronto de culturas, ocidente e oriente, religião e ciência,
fanatismo e oportunismo e o imperialismo é só uma desculpa para que isso se
materialize na manutenção da miséria pela degradação do valor humano em prol dos
símbolos de especulação ideológica deterministas enquanto agentes financeiros vigorosos. E
que não se despreze por isso o debate ou se deixe de evoluir em análise crítica, até em
gosto e por que não dizer contracultura?
Facas, balas e
coquetéis de molotov e enquanto se empunham metralhadoras e se armam mísseis, bactérias e bacericidas
são pesquisados e pessoas gargarejam a distinção entre o alcorão e a torá, o
terço e o masbaha, o rock e o carnaval, a gaita escocesa e o pagode sanfonado,
o whisky irlandês e a bagaceira portuguesa etc., e a causa da miséria? Fica para o Juízo Final e para a ressurreição dos mortos, senão o imperialismo resolve, por ser um fato
comum em todas as culturas, desculpa nacional predileta e
fundamental.
Jussara Paschoini
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