Não é uma Lei,
um Código e um potencial fiscal frágil diante de interesses ambiciosos o que
confere a um país com a pretensão de ser considerado agropecuário, um país
resolvido com relação ao uso de seus recursos naturais, nisso subentendendo-se
a óbvia e já muitíssimo focalizada e debatida, além de internacionalmente
visada, preservação ambiental.
A mentalidade
parasitária, e nisso compreenda-se aquela vigente desde as épocas coloniais,
sempre objetivou sustentar e abastecer mediante meios os mais rápidos possíveis
a mais insaciável das fomes, aquela acéfala e ruminante, típica dos hospedeiros
e que só termina quando nada mais há a ser sugado.
Esta
mentalidade sempre escolheu seus alvos e estabeleceu ciclos de produção para
manter reservas de gordura e como fruto de reatividade essencial fixou
focos de infestação específicos, esgotando alvos uns após os outros até que o
restante se tornasse por isso mesmo difícil e, portanto, mais fácil de
abandonar. Isto é um ex-país colônia.
Crer que letras
e proibições vão adjetivar um país em seu potencial de recursos naturais é só
colocar cercas e avisos, não passa disso, se a mentalidade parasitária saída da
colonização e mantida na prática latifundiária não se aperceber da metodologia suicida. Frise-se aí a manutenção do foco atual na cana-de açúcar ou álcool,
soja, café, bem como na pecuária tanto leiteira quanto de corte, enfim, nos
alvos típicos da alta escala produtiva com ampla margem de garantia comercial e
retorno financeiro a quem possa interessar.
O solo mal
explorado colide com o passar do tempo na improdutividade e esta colide com a
necessidade de mais solo e isto compactua com o desmatamento explorador de
partes florestais valiosas e facilitação oportuna de incêndios e queimadas, um
ciclo orgástico para os crentes e fieis do apocalipse.
Dito isso, é
vexatório um governo compreender que a defesa dos interesses de um país com
pretensão de ser agropecuário, possa honestamente consistir em retalhar os
incentivos de outros países as suas próprias agriculturas.
As linhas de
crédito não são vinculadas à correta exploração do solo, muito pelo contrário,
são donas de distinta vontade política eleitoreira.
O que se
vincula a correta exploração do solo é a aplicação de técnicas, hoje já
bastante conhecidas, como a rotação de culturas capaz de melhorar as
características, físicas, químicas e biológicas do solo, mediante planejamento
sequencial e seletivo de culturas somado ao gerenciamento de recursos hídricos,
ensejando a quebra dos ciclos de desenvolvimento de insetos e ervas daninhas e
promovendo a reciclagem de nutrientes pela variação radicular abrangente e
profunda.
Outra técnica
de suma importância é a do manejo de pastagens relacionado não só a análise
prévia do solo para fixar o tipo de forragem compatível, mas também ao
planejamento racional envolvendo equilíbrio da adubação, ajuste de lotação e
conforto do rebanho como fatores de aperfeiçoamento da produção. Tanto o
subpastejo quanto o superpastejo, o primeiro por prejudicar o perfilhamento e
rebrota e o segundo por reduzir a área fotossinteticamente ativa com
consequente abertura do espaço para daninhas, ambos devem ser evitados e
combatidos pela adequação de ciclos respectivos em períodos de ocupação e
descanso.
É o
planejamento das áreas de exploração do solo que garante sua boa exploração e
não o uso indiscriminado sequenciado pela necessidade de aumento crescente e
desordenado destas áreas. Como sempre, não interessa pensar, mas lucrar
primeiro e desta forma, a degradação vem chegando implacável, num tiro pela
culatra de quem arrogantemente, quer se intitular de país agropecuário ou
“celeiro do mundo” e se mantém a custa de quem passa fome, além de morrer de
ignorância!
Jussara Paschoini
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